Envelhecer é uma conquista do ser humano e esse processo se torna ainda melhor quando é possível compartilhar bons momentos e novas experiências. Dados do Censo Demográfico de 2022 mostram que a população 60+ teve um aumento de 56% em relação ao Censo Demográfico de 2010. São cerca de 32.113.490 pessoas que estão nessa faixa-etária, que representam 15,6% da população do Brasil, que gira em torno de 203.080.756.
À medida que essa parcela considerável da população cresce, aumenta também a preocupação em relação à saúde e ao bem-estar. Mas, para ser ter a tão sonhada longevidade com qualidade de vida, a ajuda de um médico que conheça o estado clínico geral do paciente e entenda o processo de envelhecimento é muito importante. Em especial, existem dois profissionais totalmente aptos, que comemoraram o seu dia em 16 de maio: o médico geriatra e o especialista em gerontologia.
O geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Dr. Marco Túlio Cintra, explica que o geriatra, além de especialista no envelhecimento humano, realiza também prevenção, diagnóstico, tratamento, gerenciamento das condições clínicas e múltiplas doenças do idoso. “Ele está habilitado a identificar e a manejar doenças clínicas que em muitos casos necessitam de atenção de forma integrada e não fragmentada”, revela, ao comentar que esse profissional também é capaz de diagnosticar precocemente uma doença e traçar planos de cuidados; do idoso plenamente funcional aos mais dependentes, incluindo os que estão em cuidados paliativos.
Em ascensão, mas longe do ideal
De acordo com dados da pesquisa da Demografia Médica Brasileira 2025, existem 3.167 geriatras no País, o que corresponde a 1,49 especialistas por 100 mil habitantes. Dentre todas as especialidades médicas, ela equivale a 0,7% do total. O número parece baixo, mas ao se comparar com o número de 2011, quando havia 662 geriatras, houve um crescimento de 378,4%. “Felizmente, cada vez mais médicos estão interessados e se especializando em geriatria, o que significa que a população idosa, agora e nos próximos anos estará melhor assistida. Pudemos ver isso recentemente, durante o 24º Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado em abril, em Belo Horizonte, MG, onde tivemos mais de quatro mil inscritos, Mas, o número de geriatras ainda está longe do ideal”, relata o presidente da SBGG.
O número de mulheres geriatras é maior em relação aos homens: são 62,1% contra 37,9%. Em relação à idade, há um “empate técnico”: 18,6% são médicos com 55 anos ou mais e 18,4% são médicos com 35 anos ou mais, o que dá uma média de idade de 46,8.
A região Sudeste é a que concentra o maior número desses especialistas, com 58,1%. Em segundo lugar é o Nordeste, com 16,9%, seguido pela região Sul, com 14,1%, Centro-Oeste, com 8,6% e região Norte, com 2,3%.
A pesquisa da Demografia Médica Brasileira mostra também que 65,1% dos médicos geriatras estão nas capitais e que 19,1% trabalham em cidades do interior com população entre 100 mil e 300 mil habitantes. Já o número de geriatras que atuam em cidades do interior com mais de 300 mil habitantes corresponde a 15,4% e com menos ou 100 mil habitantes, 0,4%.
O Título de Especialista em Geriatria (TEG) é concedido pela SBGG em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), por meio de uma prova anual. Médicos com Residência em Clínica Médica (dois anos) e em Residência em Geriatria (dois anos) podem prestar a prova de título. “Caso o médico não possua Residência em Geriatria, ele pode se qualificar por outras duas vias, desde que comprove o pré-requisito obrigatório em Clínica Médica, por meio de Treinamento/Estágio em Geriatria durante dois anos em instituições credenciadas pela SBGG, com carga horária de aproximadamente 3.840 horas, e por tempo de atuação profissional, onde, além de formação prévia em Clínica Médica, é necessário atuar por quatro anos em serviços voltados ao atendimento da população idosa com a supervisão de um geriatra, em diferentes locais, como ambulatório, assistência domiciliar e em Instituições de Longa Permanência, por exemplo”, afirma o Dr. Cintra, ao ressaltar que o tempo de atuação em Clínica Médica deve ser anterior ao tempo de atuação em Geriatria. “O período de atuação em Geriatria não pode em nenhuma hipótese ser concomitante ao de atuação em Clínica Médica.”